CLICHÊS DE VERÃO

By Carolina Pires - março 21, 2018

Às vezes, olho no espelho e deparo tanta insaturação em meu ser, que até esqueço que tenho um coração tocantinense. Quente e corado. Me lembro daquele tipo de gente que, mesmo com o sol a pino derretendo o corpo, sempre abraça calorosamente. Meus dias no norte brasileiro são cada vez mais raros. De qualquer forma, funciona como refúgio da vida nublada em São Paulo. A vitamina D infiltra na pele sem cor e sem vida, e eu me sinto aquecida por dentro e por fora. Até mesmo quando inventa de chover por cinco minutos e a temperatura cai de 35ºc para 30ºc.

Eu fugi do Tocantins há quase cinco anos para tentar seguir um rumo na Selva de Pedra. Mas isso não é um suspiro de arrependimento, é só um fato, chorarei as vantagens e as desvantagens dessa migração em outro texto. A questão é que eu sou realmente sortuda em ainda ter pedaço de terra e de coração naquele lugar onde o sol não se esconde. De poder recarregar o calor da minha alma através do amor dos familiares e amigos de infância. E por escrever e contar histórias que só acontecem em cidades tão pequenas quanto Palmas. Ou não contar. Alguns clichês de verão duram tão rápido quanto o piscar de olhos, que é melhor nem mencionar, não é mesmo?

Cinco dias depois, piso novamente em solo paulistano, rodeada de lembranças tão calorosas e reais quanto a marquinha horrorosa que este biquíni deixou.