Duas retas paralelas não se tocam, afinal.

By Carolina Pires - abril 28, 2019





Duas retas paralelas não se tocam, afinal.

Seguimos então, aceitando o destino. Distante, mas complementares. Você, conformado e sem olhar para trás; eu, ainda lutando contra o impossível. 

Vira e mexe, entre as cordialidades sem fim, nossos olhares se entrelaçam e nossos corpos estremecem com o desencontro do toque. Um sorriso amargo, um aceno, um sussurro do imaginário. Alguma vez, já conseguiu me ouvir? 

Eu já, ou acredito ter tido a sorte de escutar seu sorriso mais uma vez. Em outras alucinações, o socorri em meus pensamentos. Chorei com suas perdas; lutei para apoiar as suas conquistas. Tentei  mudar o meu trilho para alcançar o seu. Falhei. Já chacoalhei o passado, engoli o orgulho para mudar o futuro improvável. Falhei outra vez. 


Será que é tão improvável assim? Quantas vezes a expertise teórica mudou o seu rumo trazendo consigo um novo porquê? Menor partícula do mundo, o formato da terra... Entre tantas outras indagações humanas, talvez essa seja uma das certezas duvidosas. Talvez duas retas paralelas se tocam no infinito, afinal. 

Enquanto isso, viverei, 
mas seguirei incerta. 



  • Share:

You Might Also Like

0 comentários