Duas retas paralelas não se tocam, afinal.
Seguimos então, aceitando o destino. Distante, mas complementares. Você, conformado e sem olhar para trás; eu, ainda lutando contra o impossível.
Vira e mexe, entre as cordialidades sem fim, nossos olhares se entrelaçam e nossos corpos estremecem com o desencontro do toque. Um sorriso amargo, um aceno, um sussurro do imaginário. Alguma vez, já conseguiu me ouvir?
Eu já, ou acredito ter tido a sorte de escutar seu sorriso mais uma vez. Em outras alucinações, o socorri em meus pensamentos. Chorei com suas perdas; lutei para apoiar as suas conquistas. Tentei mudar o meu trilho para alcançar o seu. Falhei. Já chacoalhei o passado, engoli o orgulho para mudar o futuro improvável. Falhei outra vez.
Será que é tão improvável assim? Quantas vezes a expertise teórica mudou o seu rumo trazendo consigo um novo porquê? Menor partícula do mundo, o formato da terra... Entre tantas outras indagações humanas, talvez essa seja uma das certezas duvidosas. Talvez duas retas paralelas se tocam no infinito, afinal.
Enquanto isso, viverei,
mas seguirei incerta.
Foto: Dancin in Wonderland
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